quinta-feira, 8 de abril de 2010

Artroplastia Total de Quadril - Atuação Fisioterapêutica

Mariana Castro Padilha Süffert - Fisioterapeuta CREFITO 5 - 115.372 - F

Como sabemos, a fisioterapia vem expandindo seu campo de trabalho, diversificando suas áreas. Uma das áreas mais procuradas dentro da fisioterapia é a ortopedia; na qual a incidência de indivíduos que sofrem trauma de alta energia é bastante elevada. São decorrentes de algum acidente motorizado, incidente esse ocorrendo principalmente nos adultos jovens, e do aumento da população de idosos com diagnóstico de artrose de quadril, sendo que em ambos os casos a resolução é a cirurgia. O objetivo dessa cirurgia é a restauração da função articular, podendo então apresentar alguns fatores limitantes, entre os principais estão: a atrofia muscular e diminuição de amplitude de movimentos. Sendo assim a fisioterapia imediata faz uso de métodos e técnicas, que visam ampliar os benefícios desses tipos de cirurgias. A fisioterapia no pós-operatório tem por objetivo promover e reabilitar a saúde desses pacientes.

Em decorrência das alterações que o indivíduo no pós-operatório é submetido, como a redução da mobilidade articular, atrofia e fraqueza muscular, e possíveis alterações circulatórias, faz-se necessário a análise da intervenção fisioterapêutica imediatamente após a cirurgia com a finalidade de efetivar a reabilitação, e também para que o mesmo deambule e retorne para as suas atividades de vida diária o mais rápido e com o mínimo de sequelas possíveis, trazendo melhores resultados para o paciente.

A Artroplastia Total do Quadril (ATQ) tornou-se um excelente método de tratamento no alívio da dor e melhora funcional dos pacientes com doença degenerativa da articulação coxofemoral (RABELLO, 2008). Este procedimento é indicado nos casos graves de osteoartrite, artrite reumatóide, fratura do colo femoral e acetábulo, entre outras (GOULD, 1993).

O candidato ideal para ATQ é o paciente idoso. Pacientes com menos de 60 anos de idade, são considerados maus candidatos, devendo ser feito o tratamento conservador agressivo. Mas muitos pacientes não respondem ao tratamento conservador, o que tornam inadequadas outras opções de cirurgias além da ATQ (GOULD, 1993).

A visita pré-operatória permite ao fisioterapeuta avaliar o estado atual da capacidade física do paciente. Neste estágio, pratica-se a marcha com muletas, mostra-se ao paciente como deitar e sair da cama adequadamente e é realizada a fisioterapia respiratória se necessário (STUART, 2005).

Marques (2009) sugere a seguinte forma de tratamento: cinesioterapia de membros inferiores, associado à respiração profunda e lenta; posicionamento adequado no leito para os MsIs; manter as pernas abduzidas, evitando a flexão da articulação coxofemoral acima de 45º como medida preventiva para luxação; fortalecer o membro oposto ao que vai ser operado; orientar sentar em cadeiras; prescrição quanto ao uso de muletas ou andador; orientar como será a reeducação da marcha. Quanto mais esclarecido o paciente estiver, mais fácil será sua recuperação, evitando complicações.

Segundo Gould (1993), no pós-operatório imediato, o terapeuta deve confirmar se existe complicação cirúrgica. O quadril acometido deve ser apoiado em posição neutra ou em rotação interna, com o paciente em supino. A fisioterapia inclui exercícios ativos para os pés e tornozelos, contrações isométricas de todos os grupos musculares do quadril e joelho, fisioterapia respiratória, aconselhamento quanto ao posicionamento no leito. A mobilização do paciente começa 24 a 48 horas após a cirurgia. A deambulação com andador pode ser iniciada no dia seguinte. A luxação é uma das possíveis e comuns complicações no pós-operatório.

Protocolo de substituição total do quadril (STUART; MARQUES, 2005, 2009):
• 1º PO: Avaliação dos sistemas neurovasculomotor e respiratório, observações de radiografias devem ser estudados. Cabeceira a 45° e iniciar exercícios isométricos para fortalecimento de quadríceps.
• 2º PO: A mobilização inicia com marcha em três pontos com muletas canadenses ou um andador. A monitoração constante do paciente pela observação e perguntas é essencial, uma vez que a tontura é comum e ameaçadora. Isto é feito pelo menos uma vez ao dia, ideal duas vezes.
• 3º PO: A prática da marcha estendida e regular gradualmente é necessária em ambientes internos e externos. Ênfase na proteção e na recuperação o quadril: não flexione demais o quadril (flexão além 90º), não cruze a perna além da linha média e não gire o membro operado quando estiver de pé ou sentado.
• 4º PO: Podendo já colocar o paciente em posição ortostática para prevenirmos complicações pulmonares, com auxilio de andador ao lado do leito, sem a descarga de peso do lado operado.
• 5º PO: Pode-se colocar o paciente na posição ortostática, e pedir ao mesmo que realize exercícios ativos de flexão, extensão, adução, abdução, circundução com o membro operado, lembrando que seu limite de flexo-extensão é de 45°.

Após a alta, se a abordagem do tecido mole foi utilizada, o paciente precisa receber bengalas e ser aconselhado a aumentar gradualmente a descarga de peso durante as próximas seis semanas (STUART, 2005).

Orientações pós-hospitalar que segundo Marques (2009), devem ser feitas ao paciente: não cruzar as pernas, não sentar em sofás nem em cadeiras baixas, retirar tapetes, prevenindo assim quedas, ao dormir o paciente deverá usar um travesseiro para manter a abdução, pelo período aproximado de 8 a 12 semanas.

O reforço muscular contínuo, de membros inferiores, mesmo após a sua alta hospitalar e fisioterapêutica, deve ser indicado, para evitar dores musculares ou qualquer recaída do quadro, evitando complicações e possíveis reintervencões, melhorando a qualidade de vida do paciente.

Conclui-se, que a artroplastia total de quadril é o procedimento mais comum, sendo um método de tratamento no alívio da dor no quadril e melhora funcional do paciente. A visita pré-operatória feita pelo fisioterapeuta permite avaliar o estado atual da capacidade física do mesmo. No pós-operatório imediato a fisioterapia inclui exercícios ativos para pés e tornozelos; a mobilização começa entre 24 a 48 horas após a cirurgia, a deambulação precoce é importante para o paciente. Após a alta, é feita uma abordagem sobre a utilização de bengalas, aumentar gradualmente a descarga de peso durante as seis primeiras semanas e evitar atividades de alto impacto.

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